LUÍS FILIPE PARRADO nasceu no Seixal em 1968. É professor do ensino secundário. Acaba de publicar um excelente primeiro livro de poemas, “Entre a carne e o osso”, na editora Língua Morta, de Lisboa. Trata-se de um surpreendente livro de poesia contemporânea, que percorre em tom biográfico e confessional, as primeiras décadas do autor, através da construção de uma personna literária que nos fala de dentro da vida, de dentro dos dias, com o distanciamento, porém, suficiente para evitar o derramamento lírico. A ironia, o uso da sinédoque e da metonímia, algum humor, servidos por entre um lírismo áspero, seco, contido, bem como um certo tom disfórico e desiludido na conclusão dos poemas são as principais armas de que o poeta se serve para dar corpo a uma original poesia figurativa que faz a transição, na perfeição, entre a lírica portuguesa surgida nos anos 90 e a poesia mais recente, surgida depois de 2000, quer pelos temas que escolhe (o espaço da família e da cidade, as coisas enquanto naturezas-mortas, enquanto objectos solitários), quer pelo tom terno mas dorido, desencantado mas indesistente. Um hino à tradição, ao ofício, à originalidade.
Fonte: POESIA & LDA.
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