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AVC Do Amor

...desconfio que este texto não vai longe...

Não sei porquê, mas desconfio que este texto não vai longe e que nunca vai ver a luz do dia, acho que só o meu suicídio lhe pode valer e, como é óbvio, não me vou matar para lhe dar sucesso. Outras coisas até o merecem, mas isto não. Por exemplo, morrer de amor. Já não se usa, eu sei, mas, o amor, justifica um belo suicídio. De qualquer forma, vou escrevendo. Se eu não acabar, depois não digam que não avisei. Asas de sapo nele.

Não recordo parte da minha história. Também não há muito a recordar. Tive um AVC, estive em coma e, essa parte, deve ser má demais para ser lembrada. De quando estive apagado, apenas recordo as melodias que a Margarida me punha nos ouvidos, dos iogurtes de chocolate que ela e a minha irmã me traziam às escondidas e de ter estado em Goa durante a invasão da União Indiana, que aconteceu antes de eu nascer. A baía de Goa, que não sei se existe, era (ou é ou nunca foi) ultra bonita. Não vou chatear com detalhes, mas é impressionante a clareza com que me surgem pormenores de locais onde, de certeza, nunca estive.