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KAPITAL

Frank X. Gaspar

Empilhando caixas de cação
ao longo do pátio da conserveira,
pega no lápis grosso e ensebado que
usas para marcar 36/BOS ou 42/NY
nos tampos de pinho
e faz um círculo à volta
do ponto onde trabalho se torna
lucro ou onde o cigarro do meu
padrasto, trinta cêntimos o maço
por esses dias, ia cintilando
desde o seu lábio quando sua bota
atingia o gelo molhado, quando descia
sob as rodas do camião-guindaste:
Três cêntimos a libra, vinte mil
libras, empacotadas em gelo e empilhadas:
Tira os custos para caixas,
os madeireiros em suas jaulas de aço
bombeando pedais, tira o teu
custo para gasóleo, tira
a parte do barco, as duas partes
do proprietário, a meia-parte do
filho do capitão, tira o fazer aquele par
de luvas rasgado durar outra semana,
leva-lhe sopa quente e pão,
leva-lhe o seu inútil cartão do sindicato
e a sua termos de café
o seu boné de vigia sobre as orelhas:
Não o podes salvar – ele só
quis voltar para casa para um jantar quente,
picado e ovos numa panela enegrecida
e inclinar-se depois sobre o fogão de ferro
para aquecer as costas antes da cama.
Mas não há nada que possas fazer
no teu terror de criança pequena
quando a mulher diz, O que
comeremos? Como viveremos?
Tu comerás e viverás,
desta vez, nesta vida, embora
noutros tempos tenhas perecido,
e em ulteriores manhãs de Inverno
te tenhas levantado da selha do almoço
arrastado ao longo do cais espelhado
calculando o teu salário pelos dedos,
teu difícil olhar desenhando sua luz essencial
elevando-se das traineiras vazias
enquanto se trancavam e afivelavam
no porto enregelado.

 

 

 

 

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