Quando todos os recantos do jardim
estão cintilando à frente, ou
os que ficaram para trás numa funda sombra,
quando o vento começa a agitar todas
as pequenas corolas soltas e todos
os caules escondidos e folhas
pairando caídas, e também a terra,
as pedras, os frutos do jardim que racham nas pedras,
vermelhos ou amarelos, tintos, cor
de mel, as sementes que germinam,
rompem, duras, húmidas, secando
acastanhadas, os mecanismos do
céu e da terra que vagueiam, deambulam,
assustadores, bravios e assustados,
sussurrantes, as asas rasgadas como lençóis
de casinhas de brincar, as patas
tombadas, o estalar das carapaças
azul-esverdeadas, frágeis, e também os corpos
pegajosos, tranluzentes, rasgados
surdamente-agudamente-dolorosamente,
moles e recém-esmagados, mesmo agora:
uma só nervura de brilho leitoso e verde,
isolada e fina como um cabelo
se o vento começa a agitá-la - a superfície
oscila, seca, apodrece, morre
enorme em decomposiçăo,
exala um suspiro de alma.
Alguém olha para cima e no vento este suspiro
sobe um pouco, para depois
se despenhar. Todo o jardim
olha para cima. Só para cima
olhou. Mas de cima o contemplaram.
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