O nosso quarto habitual. As paredes erguem-se tal qual
como combinado. A janela desdobra-se, completa
com os cortinados fechados. Poderia ser ao princípio da noite ou
ao fim do dia. Penumbra inalterável.
algumas chalaças sobre a luz do dia que menos e menos suporta.
O odor a madeira e a tangerinas muito maduras.
Olha, ali surgem os armários, a cama de casal delineia-se
com os seus lençóis e os cobertores,
a colcha com a mancha exactamente no mesmo sítio. Lá
em baixo recompomos as nossas caras, sentamo-nos à mesa
e a vista enche as ombreiras: quintas, três árvores a abanar.
Sabemos de antemão o que iremos agora comer:
a entrada, que é sempre um desapontamento, o bife e a tarte de maçã.
Estamos mais velhos, entretanto podemos pagar
uma coisa melhor. Aqui chove a maior parte do ano.
O perigo maior envolve-nos com
o mesmo lugar, o mesmo quarto. Arriscamo-nos a ter hábitos,
amamo-nos. Repetimo-nos.
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