(Muda,
em sangue, eis a cabeça
decepada sufocando
ao falar outra língua —
Como num
sonho longamente reprimido
a provação gaguejante e
confusa que me cabe)
Uma criança
irlandesa chora na escola
ao ter de decorar o seu Inglês.
De cada vez que erra
O professor
grava-lhe mais um sinal
na coleira de pau
que traz ao pescoço
Como o chocalho
de uma vaca, a peia
de uma cabra extraviada.
Tartamuda, tropeça
Cheia de vergonha
nas sílabas mudadas
do seu próprio nome:
regressa triste a casa
Para achar
a pedra enegrecida
da lareira paterna
cada vez mais estranha:
Nas choupanas
e no campo, ainda
falam a velha língua.
Impossível saudá-los.
Aprender
uma segunda língua,
tão dura humilhação
como nascer duas vezes.
Décadas depois
a fala do neto da criança
tropeça ainda nas sílabas
perdidas de uma velha ordem.
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