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quando o guarda abre de manhã a minha cela

José Ricardo Nunes

quando o guarda abre de manhã a minha cela
dizendo as horas sempre à mesma hora
as mãos tremem por uma dose
de pó um sol para queimar
o tempo vendido aos pacotes

desde que me transferiram para aqui
condenado injustamente a dezoito anos
deixei de sonhar com a liberdade

mas antes de em vão tentar provar a minha inocência
de me ter esgotado nos recursos
eu era um outro homem
recebia visitas e correspondência da família
confiante sonhava com os olhos da patrícia

 

 

 

 

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