Bem sei, Amor, que é certo o que receio,
Mas tu, porque com isso mais te apuras,
De manhoso, mo negas, e mo juras
Nesse teu arco de ouro, e eu te creio.
A mão tenho metida no meu seio,
E não vejo os meus danos às escuras,
Porém porfias tanto e me asseguras,
Que me digo que minto, e que me enleio.
Nem somente consinto neste engano,
Mas inda to agradeço, e a mim me nego
Tudo o que vejo e sinto de meu dano.
Oh poderoso mal a que me entrego!
Que no meio do justo desengano
Me possa inda cegar um moço cego?
Nome (Deixar em branco se não quiser que o seu nome apareça)
Comentário
Carateres restantes: 1000