E ela ainda não sabe que escrevo sobre a morte.
Ela ainda pensa que estou a escrever sobre ela
ou sobre outra mulher. Se sentir o cheiro
de outra mulher – ficará zangada,
mas entenderá. Não entende a morte,
porque ela ainda não compreende a morte.
Porque ela ainda não acredita que é a morte que
me dita o poema. Prefere pensar: é a preguiça.
Perdi a caneta. As finanças.
Multa por não ter bilhete válido. Uma letra por pagar.
Desejo de solidão. Álcool. Visitas
à casa de banho. Tudo isto são – sinais.
Alguma vez saberá que escrevo sobre a morte?
Saberá que se fico imóvel,
estou a aprender? Porque é mais difícil não ser
do que não ter. Não saberá que quando rio,
rio-me contra? Nas anteriores edições
ligava-me ela, agora já não quero.
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