Na compota de framboesa
da firma respeitada
jazia uma formiga.
Fiquei tão agradada:
uma formiga, uma verdadeira formiga,
uma formiga não listada nos "ingredientes"
a provar que existe verão.
Lá fora, a névoa do árctico caí espessa.
Cá dentro, uma formiga deitada no meu prato
como que fechada em âmbar.
As idades encontram-se.
Os espaços colidem.
Tempo da framboesa e espaço da framboesa
com o tempo do jornal e o espaço do pequeno-almoço.
E o tempo da formiga,
tão piedosamente contrariado pela compota
veio aterrar
num jarro.
Nem mesmo o Museu Nacional de História Natural
nos consegue surpreender tanto!
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