E eles queimam no asfalto molhado
os reflexos das inúmeras luzes da rua.
Piscando vivem e morrem e vivem
na brilhante esfera escura de um planeta solitário.
Destemido, o vento insufla os lençóis líquidos
esboçando imagens abstractas.
Por outro lado, nós buscamos abrigo
como moscas no inverno,
moscas aprisionadas na amarga neve.
E quem irá escutar isto, e quando, e como
para explicar a súbita alquimia ao espelho:
este monstruoso pedinte?
Talvez a exacta pessoa
que todos os dias atravessa a rua
ao mesmo tempo, aí está quem.
Lembramo-nos de dias e casas,
de quando éramos amantes da verdade.
Molharam-se, os meus papéis caídos na calçada,
tinta turva voou das palavras,
e a partir de agora,
memórias daqui para o futuro.
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