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PROMESSAS AO TELEFONE

Rikardo Arregi

Impossível saber como limpar esses rios.
O desejo perde-se entre os automóveis,
o último fio de coragem colapsa no chão
com os sacos de compras, não é culpa de ninguém.
Longe vão os dias em que as pombas repousavam
nos ombros, e a simples carne tornou-se
agora uma estátua. Poeira e folhas caídas,
águas tenebrosas, janelas escurecidas por toda parte.
Eu detecto o cheiro que deixaste para trás.
Precisamos de trompetas aqui, por favor, trompetas.
Fico a olhar o céu à espera de nuvens
e a mais escura não pressagia chuva.
Do outro lado da janela de vidro
uma mulher chora enquanto fala ao telefone,
os sacos de compras abandonados a seus pés,
parece que a vida está prestes a acabar
mas continua implacável, coisa infeliz.
A chuva corrói montanhas, do mesmo modo,
uma simples lágrima corrói o corpo, corrói-o.

Haverá coisa mais dolorosa que promessas ao telefone?

 

 

 

 

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