O meu pai cingiu a corda,
um nó em torno da minha cintura,
e baixou-me para o interior
das trevas. Pude provar o sabor
do meu medo. Primeiro do escuro,
depois da terra, depois da podridão.
Oscilei e bati com a cabeça
e nesse instante cheguei
a outro medo: o do sangue,
que me fez cerrar ferreamente a boca.
À força de mãos, o meu pai
fez-me passar por tudo isto:
depois a água. Depois o pêlo encharcado,
que abracei contra o peito.
Gritei. E o meu pai puxou a corda
molhada. Desequilibrei-me, apertei
o cão desaparecido do meu vizinho
contra mim. Segurei a sua morte
e ascendi até ao meu pai.
Depois luz. Depois mãos. Depois a respiração.
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