Início Autor Livros Trabalho não publicado Contacto Outros Autores Colaborações Prémio Nobel da Literatura Estatíticas de Votação
Autor Livros Trabalho não publicado Contacto Outros Autores Colaborações Prémio Nobel da Literatura Estatíticas de Votação

POEMA A DUAS MULHERES AO MESMO TEMPO

Sándor Csoóri

Vocês vêm, tocam a campaínha,
passando a maçaneta rapidamente de uma para a outra.
Tu, loira, enlutada, de preto,
ela em saia azul de jeans, poída,
como quem após semanas molhadas até aos ossos
estivesse a enxugar-se no Maio inteiro num topo de colina.
Contigo vem também o bosque, também o cemitério,
países, com uma sensualidade oculta,
o mel,
a imprecação,
a anarquia reprimida do álcool
e enxames de moscas loucas
que dançam loucamente sobre a tua cabeça.
E não há Inverno, se vires, não há Verão,
há só febre dentro das costelas, imenso azul
e palavras a despirem-se na boca.
Ela chega sempre de improviso, apenas como quem traz
uma boa nova, como se trouxesse notícias de si própria.
A sua pestana: caniço preto,
em redor das suas ancas de uma vez duas Primaveras
e a sua boca abre-se para sorrir: como se um
comboio branco
passasse silenciosamente.

Vocês vêm, tocam a campainha, rindo uma para a outra
não suspeitando quem é que é a outra:
se amiga, companheira?
se amiga, amante?
mulher de limpeza dos sonhos?
pois as vossas caras só eu as enfrento, egoisticamente,
e brinco, ocultamente, com as vossas mãos também
na mesma cama,
ao mesmo tempo,
na mesma ausência -
das covas secas do mundo
ponho-me a rir, separadamente, por vosso gosto
e não me entristece ser isso uma condenação:
na minha morte serei,
sem falta, indivisível.

 

 

 

 

Novo Comentário

Nome (Deixar em branco se não quiser que o seu nome apareça)


Comentário

Carateres restantes: 1000