Início Autor Livros Trabalho não publicado Contacto Outros Autores Colaborações Prémio Nobel da Literatura Estatíticas de Votação
Autor Livros Trabalho não publicado Contacto Outros Autores Colaborações Prémio Nobel da Literatura Estatíticas de Votação

fiquei doente

Sara Poisson

fiquei doente com a inundação de sono aquoso, já na madrugada

o sono saía de mim como água da

garganta do leão no Parc de la Ciutadella em Barcelona

sem tocar nas presas e nas pesadas asas, em pétalas, da escultura

a manhã falava sobre o peso das penas de neve

as mulheres cacarejavam sobre o fim do mundo

cheirava a frango, esta manhã, esta manhã, esta manhã –

coaxava enquanto sonhava, pedia um guarda-costas do tempo, perseguida

até aos cumes do meio-dia, repetindo-me, com o sol

descasquei branqueando duas maças cor de sangue, a sua forma

rasgava o ar, e dele caíam entranhas evaporadas da encosta

o sol branco olhava directamente sem piscar, realçava

a língua vermelha das nuvens, o dia de sono era

albino, eu era os seus olhos vermelhos, morrinhava,

apontava para cima com o dedo lambido pelo céu, com ele nós

sentimos as direcções do ventoso pensamento, a cara bebia

o sangue negro das distâncias, transbordava de norte como

carícias interiores de viagens, como ardentes desejos de sedentários,

unidos por trituração, uma sem-infância negra com uma sem infância-branca

as tardes grandes em passam borbulhando com pigmentos claros de tinta de água

respirava profundamente, inspirando e

expirando anjos dos pulmões,

as ampulhetas partiam-se

com os gritos das mulheres paridas, o Fevereiro despontava

a Primavera, eu escrevia branco no branco, que o meu berço

é o fundo e de vergonha coravam na vertente

as coisas do meu sono, que esta manhã, esta manhã, esta manhã,

é muito a manhã passada

 

 

 

 

Novo Comentário

Nome (Deixar em branco se não quiser que o seu nome apareça)


Comentário

Carateres restantes: 1000