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DEIXA A MÃO

Eugénio de Andrade

Deixa a mão
caminhar
perder o alento
até onde se não respira.

Deixa a mão
errar
sobre a cintura
apenas conivente
com nácar da língua.

Só um grito desde o chão
pode fulminá-la.

A morte
não é um segredo
não é em nós um jardim de areia.

De noite
no silêncio baço dos espelhos
um homem
pode trazer a morte pela mão.

Vou ensinar-te como se reconhece
repara
é ainda um rapaz
não acaba de crescer
nos ombros
a luz
desatada
a fulva
lucidez dos flancos.

A boca sobre a boca nevava.

 

 

 

 

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